Ela está no futebol há apenas 3 anos e já tem grandes conquistas. Antonia Silva já ‘brinca’ de driblar há 15 anos, mas dedicou sua vida ao futsal antes de começar a jogar no campo. Nascida em Riacho de Santana, interior de Natal, ela começou a jogar aos 10 anos de idade por influência do pai.
E, diferentemente de histórias que estamos acostumados a ouvir por aí, ela sempre teve apoio da família e jogava melhor do que os irmãos. “Somos em 2 meninas e 2 meninos. Na época, jogavam as mulheres e os meninos não, só minha irmã jogava. Eles inclusive eram ruins de bola”, brinca a irmã que teve destaque no futebol.
Antonia foi anunciada pelo São Paulo na semana passada e já fez sua estreia. A zagueira veio do Iranduba como reforço para a 2ª fase do Campeonato Paulista e entrou de titular na partida contra o Palmeiras que terminou empatada em 1 a 1 no último domingo.
Apesar de não ter saído com a vitória, ela não deixou de comemorar. “Eu fiquei muito feliz de estrear pelo São Paulo e ter sido logo, já chegar e fazer a estreia. Infelizmente não foi com a vitória, mas estou feliz em poder atuar e vestir essa camisa”, disse Antonia em entrevista ao espnW.com.br.
A zagueira conta que recebeu uma proposta do São Paulo no início do ano, mas não aceito pois já tinha um contrato com o Iranduba. Mas novamente, o clube a chamou e ela aceitou a transferência. Ela ainda não pode jogar o Campeonato Brasileiro por ter sido transferida com o torneio nas fases finais.
POR ONDE PASSOU
Antonia passou a maior parte de sua vida no futsal. Em 2008, ela recebeu uma bolsa de estudos para jogar em seu primeiro clube, o ABC de Natal. No ano seguinte, ela decidiu ir para São Paulo.
“Meu primeiro clube foi a Portuguesa – o Tiger na verdade. Depois joguei no São Bernardo, passei 4 anos no São José e foi quando comecei a jogar campo na Ponte Preta, em 2016”, relembrou.
Em 2016, ela jogou a Libertadores pelo Corinthians Audax e foi campeã. Após a parceria entre os dois times se desfazer, ela foi para o lado do Audax. No ano passado, jogou a Libertadores defendendo o Iranduba e, neste ano, firmou com o São Paulo.
“No começo eu só tinha jogado um campeonato no campo, que foi na Ponte Preta, pelo Guarani. Foi quando fui convocada pela seleção com a Emily [Lima], como volante na época”, disse. Pela seleção brasileira, ela foi a um amistoso contra a Alemanha, em 2017, mas ficou no banco.
Já em relação a transição da quadra para o campo, ela conta que sentiu mais taticamente, mas de resto, sentiu-se tranquila.
Ela ficou no Iranduba por uma temporada e escolheu o time amazonense pela grandeza dele no futebol feminino. “É um time que sempre chega, que briga para ser campeão”, diz, mas enfatiza que não teve um bom ano.
“Infelizmente este ano foi bem atípico [para o Iranduba], mas foram problemas lá, sabe? Coisas do time mesmo que infelizmente não encaixaram”.
Além do futebol/futsal, Antonia tentou estudar Educação Física, mas depois da transição, ela precisou trancar. Ela cursou 6 semestres e conta que no campo as coisas são diferentes. “Quando eu jogava futsal eu conseguia ser mais focada nos estudos, não viajava tanto e não tinha tantas competições”, diz.
Ela pretende voltar para a sala de aula, mas para isso, crê que falta apoio para dar conta de tudo. “Geralmente quando eu vou para outra faculdade e mostro a grade da anterior, eles voltam uns dois anos e é difícil terminar. Só creio que falta ainda os clubes investirem mais, não são todos os clubes que tem parceria com a faculdade”, ressalta a zagueira, que pretende se formar e também engatar outros cursos assim que tiver oportunidade.
90 MINUTOS SEM PERDER A AMIZADE
No jogo contra o Palmeiras, algumas torcedoras palmeirenses estavam gritando pela “Tonha” – ou “Tonis” - da arquibancada. No final da partida, fotos com as torcedoras rivais e também, com as próprias jogadoras.
A amizade advém da época da Ponte Preta, quando elas jogavam juntas e, de cara, o primeiro jogo de Antonia foi contra as amigas.
“De certa forma é bom porque eu já conhecia [as jogadoras], sabia como jogavam, mas foi tranquilo, já tinha jogado contra elas de outras vezes, em outro time, então foi bem tranquilo”, disse.
Ela também reconhece que isto faz parte da profissão e lida tranquilamente com as divididas durante o jogo. “A gente consegue separar normal, temos amizade fora. Nos encontramos nestes jogos e tal, mas dentro de campo, cada uma defende o seu e já era”, enfatiza a zagueira.
QUEM É SEU MAIOR ÍDOLO E POR QUE É A FORMIGA?
Quando questionada sobre ídolos, Antonia nem pensou para responder: “Ela me representa muito nesse quesito” – sobre Formiga.
O quesito citado pela zagueira foi a força da veterana da seleção brasileira que, aos 41 anos, continua em atividade. “A Formiga é minha referência de história de vida. Vejo ela como um exemplo para todo mundo. Ela começou com muito sofrimento e até hoje está na luta”, disse.
Ela nunca teve a oportunidade de treinar com Formiga, mas já a viu treinar quando foi convocada para a seleção brasileira. “Foi uma emoção muito grande. A gente sonha com isso, mas acha que não vai se realizar”, ressaltou, relembrando outra gigante com quem já teve oportunidade de treinar.
“Estive com a Marta, cheguei a treinar e tudo... É bem legal poder dividir as experiências que elas têm com a gente. Não imaginava que ia chegar tão longe e creio que tive muita sorte nisso, porque acabei de chegar no campo e tive algumas convocações. Foi muito rápido”, disse.
E para completar o trio, Antonia agora é companheira de Cristiane no São Paulo. “Para mim, é uma grande oportunidade saber que posso dividir [o campo com a Cris], que ela pode passar experiência dela para nós. É muito gratificante tê-la na equipe, isso agrega muito”, disse.
Ela comemora o fato de ter Cristiane no Brasil novamente e ressalta: “Ela sempre nos passa a experiência dela, tenta nos acalmar porque ela é mais macaca velha, né?”, conta a novata, que também já teve a oportunidade de dividir o campo com a atacante na seleção brasileira.
Matéria da ESPN
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